Postado em: 19/12/2009
O caso da estudante universitária de turismo Geisy levantou discussões em todo o país. Mas esse episódio também levanta uma série de questões sobre como se vestir no ambiente de trabalho. Para o consultor de negócios Marcos Morita as empresas, além das preocupações com a concorrência, cumprimento de metas, clientes inadimplentes e lançamento de novos produtos, também precisam se preocupar com o tamanho do decote ou o comprimento do vestido das colaboradoras. Morita lembra das vezes em que os profissionais se depararam com aquela colega que adora decotes insinuantes, o jovem estagiário com calças de cintura baixa ou o perfume que insiste em invadir sua privacidade logo pela manhã? “Apesar de não ter o poder de levar uma companhia à falência, uma saia curta pode alterar o humor e a produtividade, positiva ou negativamente, do ambiente de trabalho. Distrações, aglomeração de funcionários, ciúmes e assédio são conseqüências prováveis”, afirma.
Este assunto faz parte da etiqueta empresarial, conjunto de boas práticas que evitam que o profissional cometa gafes sejam elas relacionadas à maneira de se vestir, ao comportamento à mesa, a pontualidade, postura, educação e cordialidade. De acordo com o especialista, a avaliação de um bom profissional vai além da formação e competências técnicas. “Numa escolha entre dois profissionais igualmente competentes, vencerá aquele que melhor vender sua imagem. O famoso e tão popular marketing pessoal” revela Morita, mas segundo o consultor, há variações dentro dos códigos de vestimenta, dependendo da área de atuação em que o profissional esteja inserido. Apesar dos diferentes estilos, as tribos e seus profissionais têm sua própria etiqueta na hora de se vestir. Eles se utilizam disso para se diferenciar e reconhecerem-se entre si.
“Executivos da área financeira e principalmente advogados compõem o lado formal e sisudo. É praticamente impossível não reconhecê-los dentro de um elevador. Podem ser vistos no centro da cidade, cercanias da Avenida Paulista e próximo aos fóruns. Engenheiros e profissionais autônomos costumam se posicionar no meio termo. Calças de sarja, jeans e camisa são o padrão vigente. Publicitários são o outro extremo. Descontração, despojamento e cores fortes são a marca registrada desses profissionais”, diz.
Sexta-feira - As empresas brasileiras, seguindo uma tendência que começou nos Estados Unidos e Canadá, instituíram a sexta-feira casual. Tailleurs, sapatos de salto, ternos e gravatas são substituídos por um visual menos pesado. “Vale salientar que dificilmente um profissional conseguirá separar sua vida pessoal e profissional, transportando seus hábitos e costumes para dentro das corporações, residindo aí o perigo das gafes”, alerta Morita.
Para o consultor de negócios, o ocorrido com a universitária Geisy demonstra a falta de etiqueta em que vive a sociedade, que de acordo com ele, se torna exacerbada de forma negativa quando não há regras ou incentivos para o bom comportamento. “Deixou-me perplexo a reação desproporcional dos universitários. Quem sabe códigos de etiqueta não pudessem ser parte dos currículos, preparando-os para a vida empresarial. Aplicar-se-ia aos vândalos e a Geisy. Afinal de contas, educação, cordialidade e bom-senso na hora de se vestir nunca saem de moda”, destaca.(¹) Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas e professor da Universidade Mackenzie. Especialista em estratégias empresariais é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.